sexta-feira, 29 de agosto de 2014

É preciso que haja profetas


Deus nos chama a ser profetas, pois só assim conseguirá atingir o Seu povo. Assim como Jesus se fez Homem para estar no meio de nós, adquiriu a cultura, a linguagem, os modos daquele povo para evangelizá-los e trazê-los de volta para Deus, assim somos nós, profetas no meio do povo. 

Podemos até pensar que, se o Filho de Deus tivesse vindo com toda a Sua glória e poder, o mundo se converteria mais facilmente. Mas não foi isso que Deus quis, Jesus veio a nós como Homem.

É preciso que haja profetas na roça e no campo, nas pessoas que trabalham, que saem de manhã, pegam ônibus lotado e voltam para casa cansados. Pessoas que têm a mesma linguagem desse povo sofrido, que passa pelas mesmas situações e pelos mesmos problemas; profetas no meio estudantil, entre os professores, nos esportes, na área de saúde. São médicos, enfermeiros, psicólogos, dentistas que levam a evangelização a seus pacientes. Em todos os meios devem existir profetas.



Seu irmão,

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

Fonte: http://cancaonova.com/portal/canais/pejonas/pejonas_msg_dia.php

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Como faço para ouvir a voz de Deus?


Você já ouviu a voz de Deus? Como saber se realmente é Ele quem fala e não nós mesmos?
No início da Bíblia, encontramos um verbo que é vinculado a Deus em todo o Livro Sagrado: “Deus disse” (Gn 1,3). Ao longo de toda a Escritura, podemos observar que o Senhor mantém uma relação íntima com o homem, a qual é baseada no diálogo. O próprio Livro da Bíblia é um meio que Ele usa para nos falar. Mas você já ouviu a voz de Deus? Como saber se realmente é Ele quem fala, e não nós mesmos? Ele fala apenas com pessoas perfeitas?
Podemos nos assustar ao observarmos a vida dos santos e notar o nível de diálogo que eles mantinham com Deus. Santa Teresa, por exemplo, em certa ocasião em que viajava, caiu em uma poça de lama. Então, olhou para o céu e disse: “Senhor, por que tantas dificuldades no caminho se estou cumprindo Tuas ordens?”. O Senhor lhe respondeu: “Teresa, não sabes que é assim que trato os meus amigos?”. Ela retrucou: “Ah, Senhor, então é por isso que tens tão poucos!”.
Como ouvir a Deus?
Deus deseja ser próximo do homem, criar intimidade e amizade com ele. Observemos, por exemplo, a relação de Deus com Adão. Ao criá-lo, o Senhor permitiu que ele desse nome a toda criação e o alertou sobre o fruto proibido. O Senhor Deus também lhe disse: ‘Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada’” (cf. Gn 2,15s). Vejamos a proximidade com que Deus conservava o homem! Ele nos criou para convivermos em Sua intimidade.
Existe um caminho a ser seguido para chegar a uma escuta íntima de Deus, porém, é um caminho, não uma fórmula, pois há grande erro em buscar uma uniformidade quando queremos escutar o Senhor. Ele nos fez únicos e nos ama com um amor particular, portanto, nos fala de forma individual. O Senhor usa da linguagem que estamos acostumados, fala no idioma que compreendemos.
Vamos, então, observar alguns passos importantes nessa experiência:
- Buscar a Deus. Isso é obvio, mas precisa ser dito. Não ouviremos o Senhor se não o buscarmos. Deus é uma pessoa, e quando queremos dialogar com uma pessoa, procuramos meios para chegar a ela. Busque momentos para estar com o Senhor, só com Ele, sem celular, sem música, sem leitura, apenas com o Pai. “Quando rezar, entre no seu quarto, feche a porta e reze ao seu Pai” (Mt 6,6).
- Fale o que você quer falar. Muitos sofrem, pois ficam com a cabeça cheia durante a oração, pensam em muitas coisas, veem muitas situações e se distraem facilmente. O que pode nos ajudar é, ao chegarmos à capela, falarmos para Deus tudo o que queremos, gastar uns dez minutos de limpeza da mente, falar do cansaço, do trabalho, da família, e, após isso, silenciar um pouco.
- O desejo de ouvir, às vezes, atrapalha. Muitas vezes, criamos ansiedade e expectativas que nos atrapalham. A tensão não colabora para que nosso coração encontre o coração de Deus. É importante que haja liberdade em estar com Ele, sem obrigações, sem cobranças. Não cobre Deus para que fale, e não se cobre uma atitude ou a necessidade de fazer alguma coisa. Esteja livremente junto d’Ele.
- Silencie. Estamos falando de diálogo, uma grande dificuldade da relação humana, pois não aprendemos a ouvir o outro. A agitação e o ritmo acelerado que a sociedade vive nos deixam sempre apressados, querendo tudo para agora. Assim, não deixamos as pessoas falarem, nos antecipamos à fala do outro, queremos adivinhar o que ele vai dizer. Do mesmo jeito que agimos com as pessoas, na agitação, transferimos para Deus. Após um momento de oração, de dizer tudo o que quer a Deus, é importante dar tempo para que Ele fale, é necessário silenciar no ambiente e em nosso coração. O princípio de uma boa escuta é dar tempo para o outro falar.
Deus realmente falou comigo?
Deparamo-nos, às vezes, com essa dúvida. Para isso, precisamos sempre ter em mente que o Senhor não se contradiz. Por isso, se aquilo que ouvirmos for contra alguma lei que Ele já instituiu, contra o amor ao outro ou contra a Igreja, ficará fácil saber que não vem d’Ele.
Conforme criamos intimidade com o Senhor, reconhecemos com mais rapidez Sua voz em nossa consciência. Ele também nos fala nos fatos, na Bíblia, por meio de uma música ou por intermédio de outra pessoa. Particularmente, eu já O ouvi num momento de contemplação a Jesus Eucarístico. O Senhor também já falou diretamente ao meu coração. Em um outro momento, Ele respondeu minha pergunta através de um fato: eu queria saber se era da vontade d’Ele que algo acontecesse em minha vida, e as coisas se esclareceram de tal forma, que eu vi a mão de Deus agindo sobre mim.
Diante das experiências que trago, há um ponto importantíssimo que prova, realmente, se Deus falou comigo. Quando Ele fala, Suas palavras ecoam por muito tempo, e o que Ele diz se cumpre. “O que disse, executarei; o que concebi, realizarei” (Isaías 46,11). Deus é fiel ao que diz! E o que Ele fala fica gravado em nós, não se apaga, porque Sua voz ecoa em nossa existência.
O Senhor deseja cultivar, com cada um de Seus filhos, uma relação pessoal e íntima. Reze  e peça essa intimidade ao Espírito Santo, pois Ele é o mediador.
Que o Senhor nos dê um coração aberto e ouvidos atentos à Sua voz.
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Paulo Pereira

José Paulo Neves Pereira nasceu em Nossa Senhora do Livramento (BA). É missionário da Comunidade Canção Nova e atua no setor de Novas Tecnologias da TVCN. Twitter: @paulopereiraCN

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

A linda missão de ser pai é um reflexo de Deus


Queridos pais, queremos que saibam ser nosso interesse apenas uma coisa, que vocês nos mostrem “o Pai”.
“Filipe disse: ‘Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta’. Jesus respondeu: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me conheces? Quem me viu, tem visto o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. Crede-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Crede, ao menos, por causa destas obras” (Jo 14,8-11). Bendita seja a aparente ingenuidade de Filipe, desejando ver o Pai! Daqui parte nossa reflexão para o Dia dos Pais, comemorado no segundo domingo de agosto, quando a Igreja Católica no Brasil inicia também a Semana da Família. Torna-se ainda mais oportuno abordar este tema pela proximidade da Assembléia Extraordinária do Sínodo dos Bispos a respeito da família.
A vocação dos homens que se fazem pais tem a sua origem na paternidade do próprio Deus, sabendo inclusive que se aprende mais sobre família e sobre as relações entre as pessoas olhando para o alto, para a Santíssima Trindade. Paternidade, filiação, fraternidade criatividade, todas as desejáveis características das pessoas podem encontrar no próprio Deus sua fonte. E permitam-me todos os pais envolvê-los na voragem de amor que é a vida divina, convidando-os a abrir o coração e redescobrir sua vocação e sua missão na família e na sociedade.
A linda missão de ser pai
Queridos pais, todos vocês foram e são filhos! Ninguém é fonte absoluta de uma família. Desejo-lhes a capacidade de olhar para trás e identificar o melhor que possa existir na história de sua família. Há valores que passam de geração em geração e a dignidade de sua família não se encontra apenas no nome, sem dúvida importante, mas nas coisas boas de que vocês são guardiães. Vocês podem entrar em seu próprio coração, recolhendo, como a criança que existe em cada um, as boas sementes transmitidas pelos antepassados. Por falar em nome, já perceberam que são vocês que o conservam e transmitem às gerações sucessivas? Sejam, pois, dignos de manter acesa esse facho aceso da dignidade das gerações!
Dentre os muitos tesouros que lhes foram confiados, é próprio da missão paterna ser a referência de autoridade na família. Autoridade e não autoritarismo! E autoridade verdadeira vem de dentro, a partir de convicções claras e objetivos a serem alcançados. Chama à atenção a força com que Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, se faz presente em momentos críticos da vida de seus discípulos. Numa travessia do Mar da Galileia (Cf. Mt 14, 22-33), barca agitada pelas ondas, vento contrário, homens medrosos que veem Jesus caminhando sobre as águas e pensam estar diante de um fantasma. “Coragem! Sou eu! Não tenhais medo!” É tempo de pedir a Deus, na comemoração do Dia dos Pais, que a força viril dos que receberam esta vocação seja restaurada em nossas famílias. Redescubram a coragem para ajudar a família na superação do medo dos fantasmas! Sejam capazes de discernir entre o vento, os terremotos e o fogo (Cf. 1 Rs 19, 9-13), ajudando a identificar o murmúrio da brisa leve em que o Senhor Deus se manifesta. Brote dos lábios e do coração de todos os pais de família, sustentados no mar na vida pelas mãos firmes do Senhor Jesus, a profissão de fé a ser renovada no domingo dos pais: “Verdadeiramente, tu és o filho de Deus” (Mt 14,33). Afinal, são adultos estes que realizam uma missão de tamanha importância. Deles pedimos um sinal que nos ajude a firmar a confiança no Senhor.
Mas para chegar ao discernimento pedido aos pais de família, devem estes tirar o tempo necessário para, como o profeta Elias (Cf. 1 Rs 19, 9-10), orar confiantemente em nome da própria família. Proponho, por ocasião do Dia dos Pais, que as refeições nas casas sejam abençoadas com uma oração feita pelo pai: “Senhor Deus, que conservais tudo o que criastes e não deixais de conceder aos Vossos filhos o alimento necessário, nós Vos agradecemos por esta mesa fraterna, preparada para alimentar e fortalecer o nosso corpo; nós Vos rogamos que também nossa fé, sustentada com a Vossa Palavra, cresça pela busca constante do Vosso Reino. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!” Esta oração pode ser feita sempre às refeições, confiando-a cada dia a um dos membros da família. Entretanto, a oração silenciosa, feita pelo pai de família, com confiança total no Pai do Céu, com o qual lhe foi dada a graça de partilhar a responsabilidade pelo lar, não pode faltar. Só assim terá forças necessárias para enfrentar as muitas tormentas do caminho.
Durante muitos séculos, o pai de família foi considerado o suficiente provedor das necessidades de todos. As esposas assumiam a educação dos filhos e as tarefas domésticas. Mudam os tempos, as mulheres também têm atividades laborativas fora de casa, as tarefas são compartilhadas e a responsabilidade abraçada a dois. No entanto, valha hoje um apelo aos pais de família justamente pela sua missão ligada ao trabalho. Faz parte da dignidade do ser humano ganhar o pão com o suor do próprio rosto, mesmo quando seu trabalho não for prioritariamente ligado ao esforço físico. Gratidão a Deus providente que permite aos pais levarem o necessário à família e ao sustento dos filhos. Apreensão diante das múltiplas dificuldades existentes para que o trabalho seja adequadamente remunerado e até para que haja postos de trabalho para toda a população. Oração fervorosa, para que aos pais sejam dadas essas condições indispensáveis.
A missão dos pais de família pode se expressar no pedido feito por Filipe, cuja ingenuidade agradecemos. Queridos pais, queremos que saibam ser de nosso interesse apenas uma coisa, que vocês nos mostrem “o Pai”. Sejam de tal forma parecidos com o Pai do Céu, que trabalha sempre! Ajudem-nos a chamar o Pai de Jesus de “Pai Nosso”, ensinando-nos a rezar cada parte da oração que brotou de Seu coração para ser entregue a nós. Sejam transparência do amor de Deus, tão infinito que se faz pequeno e próximo de cada filho. Sejam para suas esposas companheiros fiéis, amigos afetuosos, como Deus os pensou. Contamos com a firmeza de vocês e, quando esta lhes faltar, saibam que a Igreja reza por vocês e quer sustentá-los na tarefa exigente e gratificante que lhe foi entregue. Obrigado por vocês serem testemunhas da Providência de Deus para as famílias! Confiem nessa Providência para todos os passos a serem dados na vida! Saibam valorizar as rugas, os achaques da idade, o cansaço, para muitos a calvície ou os cabelos brancos. Tudo encontre seu sentido na entrega alegre da vida, com a qual vocês constroem a própria dignidade e felicidade. Deus os abençoe!

Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.
Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/a-linda-missao-de-ser-pai-e-um-reflexo-de-deus/