segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Resgatam o bebê recém-nascido abandonado no presépio de uma igreja nos EUA

POR PROF. FELIPE AQUINO

PesebreHolyChildJesusChurch

O site ACI Digital divulgou ontem (26/11/2015) a notícia de um funcionário da manutenção que encontrou e resgatou um bebê recém-nascido, ainda com o cordão umbilical, enrolado em uma toalha, que foi abandonado no presépio de uma paróquia em Nova Iorque (Estados Unidos).
José Moran (60), trabalha fazendo manutenção na paróquia Holy Child Jesus (Santo Menino Jesus) há três anos e foi quem encontrou o bebê por volta das 13h da última segunda-feira.
“Eu estava varrendo a Igreja, quando escutei o bebê chorando. Não prestei muito atenção, pois pensava que o menino estava acompanhado da sua mãe”, disse José à Daily News.
Continuou varrendo, enquanto o bebê permanecia chorando.
“Olhei ao meu redor e não vi ninguém. Isto me preocupou. Cheguei perto do presépio montado dentro da paróquia… e não pude acreditar! Havia um bebê enrolado em uma toalha. Ainda tinha o cordão umbilical e estava junto à imagem da Virgem Maria”, narrou o funcionário.
Moran indicou que os funcionários da paróquia tinham terminado de montar o presépio exatamente uma hora antes de encontrar o bebê. E disse: “Felizmente o deixaram em um lugar seguro e não o abandonaram em qualquer lugar”.
Após ser descoberto, o bebê foi levado ao Hospital Jamaica Center, onde foi levado a seção de cuidados infantis, enquanto a polícia tentava localizar a sua mãe.
“Deus intervém de maneiras misteriosas. A mãe do menor poderia estar passando por um momento difícil em sua vida. Ela encontrou este Presépio… este lugar vazio onde Jesus será colocado em poucas semanas… como um lar para seu filho”, manifestou o Pe. Christopher Heanue, um dos sacerdotes da Holy Child Jesus.
Por considerarem este acontecimento como uma surpresa prévia ao Natal, os fiéis chamaram o bebê de “Menino Jesus”.
O sacerdote adiantou que alguns paroquianos já manifestaram interesse em adotar o menino. Um dos paroquianos, apelidado João Batista, ofereceu-se para adotar o “Menino Jesus”.
A polícia encontrou evidência em um vídeo que mostra uma mulher entrando na Igreja com o bebê e minutos depois saiu com as mãos vazias. Os detetives também encontraram um vídeo da mulher quando comprava toalhas em 99. Cents & Up Market, uma loja perto da paróquia.
John Lv, um funcionário da loja, indicou que viu uma senhora entrar com um bebê enrolado dentro do seu casaco. Disse que “estava muito tranquila”.
“Não podemos imaginar o desespero pelo qual estava passando esta mulher, mas ela colocou o seu bebê no lugar onde Jesus nasceu… quis que estivesse perto de Cristo. Talvez nunca a conheçamos, mas rezamos por ela”, expressou Rocio Fidalgo, porta-voz da Diocese de Brooklyn-Queens.
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Fonte para o blog: http://cleofas.com.br/resgatam-o-bebe-recem-nascido-abandonado-no-presepio-de-uma-igreja-nos-eua/

A pedagogia de Deus

Para evangelizar, não precisamos inventar fórmulas novas. O modelo verdadeiramente eficaz — e provado na história pela vida dos santos — está à nossa inteira disposição, nos Evangelhos.
A Revelação de Deus iniciou-se com a criação. Desde o princípio, o Criador manifestou-Se à criatura, a fim de animá-la a penetrar cada vez mais na vida da graça. Essa Revelação adquiriu um significado particularmente novo no contexto do pecado original. O que antes já estava nos planos divinos, isto é, a salvação do homem por meio da comunhão plena com o Senhor, tornou-se mais profundo, à medida que a criatura precisava agora não somente da salvação como também da redenção. Em resumo, Deus falou conosco de diversas maneiras para ensinar-nos a amar. Isso nos permite dizer que a "Revelação não é mais do que a educação do gênero humano" ao amor [1].
A pregação de Jesus, último estágio da Revelação Divina, ocorreu na "plenitude dos tempos" (Gl 4, 4). Cristo revelou os projetos de Deus através dos milagres que realizou, dos discursos que proferiu, da caridade que praticou e, sobretudo, pelo derramamento de Seu sangue no sacrifício da cruz. Ele salvou a humanidade — abrindo-lhe as portas do Céu — e a redimiu — purificando-a da mancha do pecado original. Jesus falou com clareza aos ouvidos humanos; mostrou que o único caminho para o Céu é o da renúncia de si mesmo, ou seja, do desapego das coisas deste mundo, para que possamos, uma vez unidos à glória divina, viver livremente, enraizados n'Ele, firmes na fé.
Neste tempo de nova evangelização, um apelo fortemente repetido pelos últimos papas, devemos voltar nossos olhos para a pedagogia de Deus, procurando perscrutar de que modo Ele transmitiu Seus ensinamentos. Com certeza, Seu método pedagógico, manifestado principalmente no ministério de Cristo, é a fonte segura para nossos projetos pastorais. Não precisamos inventar fórmulas novas nem pseudo adaptações do Evangelho, quando o modelo verdadeiramente eficaz — e provado na história pela vida dos santos — está à nossa inteira disposição. É claro que, em decorrência das fortes mudanças culturais, o evangelizador precisa esforçar-se para transmitir a Boa Nova numa linguagem sempre compreensível [2]. Mas isso não significa modificar o conteúdo da fé, mutilando artigos que pareçam inconvenientes. A pregação cristã nunca deve seguir o caminho da ambiguidade. A atualidade da Palavra de Deus é "a atualidade da verdade novamente dita e pensada de novo" [3].
Vejamos o exemplo de Jesus: Ele começa Seu ministério com a oração (cf. Mt 4, 1-2; Mc 1, 12s; Lc 4, 1-13). Isso serve, em primeiro lugar, para nos recordar que todo empreendimento espiritual, seja grande seja pequeno, deve partir do diálogo fecundo com Deus. Em um tempo em que é grande a tentação do fazer, a tentação de transformar o cristianismo em um moralismo da ação, o escondimento de Cristo durante os seus primeiros trinta anos leva-nos a reconsiderar a importância da oração no apostolado. Dobrar os joelhos para conversar com o Senhor é o remédio eficaz contra a vanglória de achar que somos os salvadores da humanidade. "Sem mim nada podeis fazer" (Jo 15, 5). Essa exortação de Jesus aos apóstolos, radicada na certeza de que somente na comunhão com Ele é possível produzir muitos frutos, deve ficar muito bem gravada em nossos corações (cf. Jo 15, 5).
A pregação de Cristo também precisa nortear nosso apostolado. É muito comum escutarmos que, na apresentação dos artigos do credo, deve-se dar primazia mais àquilo que manifesta a beleza da verdade e a comunhão do que a discordâncias desnecessárias. O encontro com o amor, dizem, é suficiente para a conversão. Isso é verdade até certo ponto. Primeiro, é verdade se esse amor significa a Pessoa de Cristo, a sua doação e sacrifício por nós, com todas as suas exigências, sem atenuações politicamente corretas. Segundo, o encontro com o amor provoca mesmo uma mudança em nós. Mas essa mudança nem sempre é a conversão. Notem a atitude dos fariseus: mesmo com todos os milagres de Jesus, com o reavivamento de Lázaro, eles tramam a Sua morte (cf. Jo 12, 37s). Ora, os fariseus também tiveram um encontro pessoal com Cristo. Porém, faltava-lhes o dom da fé para quebrar a soberba e o orgulho.
É uma grande ingenuidade achar que tudo pode se resolver simplesmente com uma pregação bonita e agradável aos ouvidos das pessoas. Ninguém melhor que Jesus para manifestar Sua misericórdia. E, ainda assim, os homens o rejeitaram. Se fôssemos dar ouvidos a alguns apologistas modernos, seríamos obrigados a dizer que o método de Jesus falhou porque foi rígido demais. No entanto, Ele não evitou polêmicas; disse abertamente: "Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas separação" (Lc 12, 51). No chamado discurso eucarístico, não temeu perder discípulos ao pregar a salvação por meio de sua carne: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna" (Jo 6, 54). A misericórdia, portanto, não é uma graça barata. Trata-se, ao contrário, de um anúncio que nos leva à penitência. Com efeito, a obstinação dos fariseus não nos coloca diante do fracasso de Jesus; coloca-nos diante da liberdade humana. Eles não creram porque não quiseram, porque aquelas palavras eram duras demais. "Quem o pode admitir?" (Jo 6, 60).
Existe, sim, uma hierarquia das verdades da doutrina católica, cujo anúncio, mesmo nos assuntos morais, deve ser feito de maneira tal, a fim de evitar desproporções entre a lei e a graça. Não podemos colocar fardos pesados sobre as costas dos fiéis. Por outro lado, isso não exclui a responsabilidade do pastor de sempre levá-los à busca da perfeição, pois, como ensinou São João Paulo II, "seria um erro gravíssimo concluir (...) que a norma ensinada pela Igreja é em si própria apenas um 'ideal' que deve posteriormente ser adaptado, proporcionado, graduado — dizem — às concretas possibilidades do homem" [4]. Na Encíclica Veritatis Splendor, lemos o seguinte:
Neste contexto, abre-se o justo espaço à misericórdia de Deus pelo pecado do homem que se converte, e à compreensão pela fraqueza humana. Esta compreensão não significa nunca comprometer e falsificar a medida do bem e do mal, para adaptá-la às circunstâncias. Se é humano que a pessoa, tendo pecado, reconheça a sua fraqueza e peça misericórdia pela própria culpa, é inaceitável, pelo contrário, o comportamento de quem faz da própria fraqueza o critério da verdade do bem, de modo a poder-se sentir justificado por si só, mesmo sem necessidade de recorrer a Deus e à Sua misericórdia. Semelhante atitude corrompe a moralidade da sociedade inteira, porque ensina a duvidar da objetividade da lei moral em geral e a rejeitar o caráter absoluto das proibições morais acerca de determinados atos humanos, acabando por confundir todos os juízos de valor [5].
Apascentar, dizia São Pio X, é, antes de mais nada, ensinar a doutrina. Uma vez que a Igreja é naturalmente missionária, "a vocação cristã só pode nascer dentro duma experiência de missão" [6]. A evangelização é uma ordem divina e, precisamente por isso, um direito e um dever da Igreja. Esse direito-dever se torna ainda mais grave diante das provações. Todos os santos foram grandes missionários. Mesmo na velhice, Santa Hildegarda de Bingen não deixou de fazer viagens missionárias para exortar os cristãos "a uma vida em conformidade com a própria vocação" [7]. O seu anúncio claro e, por vezes, severo tratou de debelar o erro reformista dos cátaros, "recordando-lhes que uma verdadeira renovação da comunidade eclesial não se obtém tanto com a mudança das estruturas, quanto com um sincero espírito de penitência e um caminho concreto de conversão" [8].
O filólogo alemão Rosenstock-Huessy indica em seus estudos que os momentos de crise social são justamente aqueles em que a sociedade deseja ouvir mas não existe quem lhe dirija a palavra [9]. O povo de Deus pede uma resposta de seus pastores, segundo aquele desejo natural de abertura ao sagrado, dada a importância desse mesmo desejo ser purificado pela Revelação. Aqui se insere o serviço prestado pelo Magistério. É obrigação da Igreja orientar a sociedade. É obrigação dos sacerdotes "ajudar com o próprio exemplo aqueles que governam, purificando os próprios costumes de todo o mal e tornando-os bons [...] para que alcancem, com o povo que lhes é confiado, a vida eterna", como também é obrigação dos demais "iluminar e ordenar de tal modo as realidades temporais, a que estão estreitamente ligados", a fim de que "sejam sempre feitas segundo Cristo e progridam e glorifiquem o Criador e Redentor" [10].
Nas pegadas de Jesus, a Igreja procura "expor muito bem o que se deve crer, esperar ou fazer; mas, sobretudo, [...] pôr sempre em evidência o amor de nosso Senhor, de modo que cada qual compreenda que qualquer ato de virtude perfeitamente cristão, não tem outra origem nem outro fim senão o amor" [11]. Não podemos nos conformar com este mundo. Não podemos calar a voz dos profetas. Não podemos ignorar o dilúvio de sangue, com o qual Jesus lavou nossas imundícies. A salvação da humanidade está, sim, no Corpo Místico de Cristo, que é a sua única Igreja. Anunciando isso, estamos anunciando a verdadeira misericórdia.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referências

  1. SPIRAGO, Francisco. Catecismo Católico Popular (trad. port. de Artur Bivar). 3.ª ed., Lisboa: União Gráfica, 1938, vol. 1, p. 54.
  2. Cf. Comissão Teológica Internacional, Fé e Inculturação, 1988.
  3. Joseph Ratzinger, A atualidade doutrinal do Catecismo da Igreja Católica dez anos após a sua publicação (9 out. 2002).
  4. São João Paulo II, Carta Encíclica Veritatis Splendor (6 de agosto de 1993), n. 103.
  5. Id., n. 104.
  6. Papa Francisco, Mensagem para o 52.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações (26 de abril de 2015).
  7. Papa Bento XVI, Audiência Geral (8 de setembro de 2010).
  8. Idem.
  9. Cf. ROSENSTOCK-HUESSY, Eugen. A Origem da Linguagem. São Paulo: Record, 272 pp.
  10. Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática Lumen Gentium (21 de novembro de 1964), nn. 26-31.
  11. Catecismo Romano, n. 10.
Fonte: https://padrepauloricardo.org/blog

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O terrorismo islâmico e a profecia do Papa Bento XVI

Alguns anos atrás, em Ratisbona, o Papa Bento XVI levantava a sua voz contra a violência no mundo muçulmano. Embora a mídia reprovasse o seu discurso, o tempo tratou de dar-lhe razão. Suas palavras nunca foram tão atuais. O Papa foi um profeta.
No dia 12 de setembro de 2006, durante uma Aula Magna na Universidade de Ratisbona, na Alemanha, o Papa emérito Bento XVI fazia um dos mais importantes discursos de todo o seu pontificado. Diante de representantes das ciências, ele convidava as diferentes culturas e religiões do mundo a um diálogo entre a fé e a razão, bem como à superação da violência e da coação em matéria religiosa. "Deus não se compraz com o sangue", dizia o Santo Padre, na ocasião, citando um imperador da Idade Média. "Não agir segundo a razão é contrário à natureza de Deus."
Os eventos que vieram em seguida, no entanto, pareciam indicar um desastre. As palavras de Bento XVI foram mal interpretadas no mundo islâmico e, como consequência, extremistas atacaram igrejas na Palestina, uma religiosa italiana foi assassinada na Somália e um padre foi cruelmente decapitado no Iraque: o caos.
Para alguns jornalistas e "especialistas" em religião, não restava dúvidas de que o Papa tinha cometido uma "gafe" – e, até agora, foi mais ou menos essa a imagem que ficou para o mundo. O Papa emérito tinha trocado os pés pelas mãos, causa finita.
Nesta semana, depois de um atentado de radicais muçulmanos à cidade de Paris – que já contabiliza mais de 130 mortos –, foi impossível não lembrar de Ratisbona.
Na verdade, desde o ano passado, com a ascensão do chamado Estado Islâmico, o discurso de Bento XVI começou a ganhar uma atualidade fora do comum, quase profética. Cristãos cruelmente decapitados e crucificados – simplesmente por serem cristãos –, mulheres sequestradas e violentadas sexualmente várias vezes ao dia, crianças mortas sem nenhum sinal de piedade constituem apenas alguns dos itens desse "quadro de horrores" pintado (com sangue) pelos guerreiros do ISIS – um quadro que põe a humanidade em sobressalto e faz de Ratisbona uma mensagem absolutamente obrigatória para os dias de hoje.
Em sua mensagem, o Papa Ratzinger chama o mundo das ciências e das religiões a uma reconciliação. "Fé e razão", diz ele, não são contrárias entre si, mas devem andar juntas. Para provar o seu ponto, Bento cita o início do prólogo do Evangelho de São João, que diz: "No princípio, era o Verbo". Falando da contribuição da filosofia grega para o desenvolvimento do pensamento cristão, ele explica que a palavra "λόγος" ( logos), aqui utilizada pelo Evangelista, significa, literalmente, "razão". Assim, na fé cristã, Deus aparece como a própria Razão, um ente dotado de razoabilidade.
As conclusões desse pensamento, traçadas por um imperador bizantino medieval, Manuel II Paleólogo, são evidentes:
"Não agir segundo a razão ('σὺν λόγω') é contrário à natureza de Deus. A fé é fruto da alma, não do corpo. Por conseguinte, quem desejar conduzir alguém à fé tem necessidade da capacidade de falar bem e de raciocinar corretamente, e não da violência nem da ameaça... Para convencer uma alma racional não é necessário dispor do próprio braço, nem de instrumentos para ferir ou de qualquer outro meio com que se possa ameaçar de morte uma pessoa."
Nisso consiste a essência da fala de Bento XVI, a "afirmação decisiva" de toda a sua argumentação. Para ele e para Manuel II, assim como para todos os cristãos, está bem claro: a fé, separada da razão, conduz ao fundamentalismo e à violência. A pergunta a ser feita é se isso está igualmente claro para os muçulmanos, ou se, ao contrário, a sua visão "absolutamente transcendente" de Deus o destaca de todas e quaisquer categorias humanas, incluindo a própria razoabilidade.
Hoje, com as ameaças do Estado Islâmico tomando proporções mundiais, está mais do que evidente a urgência e a importância de questões como essa serem respondidas. Pessoas no mundo inteiro, intrigadas com o que aconteceu em Paris, estão se perguntando o mesmo. Será o Islã capaz de converter as pessoas pelo simples uso da razão, sem recorrer à força bruta ou à agressão? Será capaz de pregar a sua religião sem "dispor do próprio braço" ou "ameaçar de morte uma pessoa"?
No fundo, dar uma resposta efetiva a tudo isso é uma tarefa que só os muçulmanos podem realmente levar a cabo.
Um mês depois de Ratisbona, de fato, algumas vozes do mundo islâmico chegaram a aceitar o convite do Santo Padre a um diálogo. Cem intelectuais, de diversas partes do mundo, endereçaram-lhe uma carta aberta, na qual respondiam respeitosamente algumas das questões levantadas em seu discurso.
Em 2008, foi a vez do Rei Abdullah, da Arábia Saudita, dar uma resposta às indagações de Bento XVI. "Tragédias que aconteceram na história – disse o monarca árabe, durante um encontro inter-religioso – não foram causadas pela religião, mas pelo extremismo adotado por alguns dos seguidores de cada uma das religiões."
Enquanto isso, todavia, o sangue dos mártires cristãos continua a correr e a clamar por justiça no Oriente Médio. Para resolver a situação e dar um basta à impiedade, não bastam elucubrações teológicas de uns ou um mea culpa de outros. É preciso deter efetivamente a violência perpetrada pelo fundamentalismo islâmico, começando de cima, de onde vêm as ordens para a jihad. Até o momento, porém, não há sequer a mais remota esperança de que isso aconteça.
Às famílias francesas, sofrendo pela perda de seus entes queridos, as nossas mais profundas condolências e orações. Possa a França voltar, depressa, à sua vocação de "filha mais velha da Igreja". Possa a Europa recuperar, o quanto antes, a sua identidade cristã. Antes que seja muito tarde.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Fonte: https://padrepauloricardo.org/blog/o-terrorismo-islamico-e-a-profecia-do-papa-bento-xvi

terça-feira, 3 de novembro de 2015

A Bruxaria e a Feitiçaria no contexto da Inquisição – Parte 1

POR PROF. FELIPE AQUINO


Bruxa


A magia foi outra das causas da Inquisição; era o culto da superstição, sortilégio, alquimia, culto e pactos com o demônio,  que se faziam no “Sabath”.  A crença na magia e nas “bruxas”, sempre existiu nos tempos antigos e medievais.  A justiça leiga combatia a magia e perseguia os magos e as bruxas severamente e os levava ao fogo. A legislação os reprimia; muitas vezes, eram punidos de leve pelo tribunal eclesiástico, mas depois eram de novo castigados com a morte pela justiça leiga.
Na magia o sujeito pretende ter domínio sobre as forças da natureza e assim produzir fenômenos contra ela, com auxílio de forças ocultas vindas do além, onde entra muita superstição (rezas, adivinhações, amuletos, elixires, etc.). A bruxaria apela para a intervenção do demônio; acreditavam que as bruxas voavam em vassouras ou sobre animais, que na verdade são demônios.
Segundo os historiadores, tudo isso gerava sérios problemas sociais, morais e religiosos; os magos e bruxos com os seus “poderes” amedrontavam a população e tiravam proveito disso. Tomavam dinheiro de seus clientes mediante “trabalhos” que envolviam assassinatos, envenenamentos, infanticídios, fraudes, violências e orgias sexuais. Eram recomendados feitiços de muitos tipos: para prejudicar pessoas, matar animais, conseguir amor ou desamor, morte, cegueira, doença, envenenar cursos de água, matar plantações e gado, provocar tempestades, raios, incêndios, etc.
No Sabath se realizava a “missa negra” nos dias santos, com a imagem de satã sobre o altar, nessa famosa assembleia do sábado à meia noite onde as bruxas e bruxos se reuniam sob a presidência do diabo em forma de bode. O Prof. Gonzaga assim narra:
“Começava a festança quando todos deviam beijar o traseiro desse animal. Seguiam-se comidas e bebidas fartas, em meio a imensas orgias e depravações sexuais, inclusive com os demônios presentes, e era voz corrente que também se procedia ao sacrifício ritual de crianças” (p. 163).
O historiador Gustav Heningsen, no Simpósio do Vaticano (1998) diz que é preciso cuidado ao recorrer ao diagnóstico psiquiátrico para explicar a bruxaria, porque a maioria dos que se dedicavam a isso, eram pessoas perfeitamente normais, apenas influenciadas pelo ambiente em que viviam.
Assim, a bruxaria e a magia eram encarados como grandes  perigos morais e religiosos e perturbavam a pureza da fé cristã. É preciso dizer que Lutero “proclamava ódio aos “possuídos pelo demônio”, que no seu entender, deviam ser lapidados antes de enviados à fogueira; e o mesmo foi o pensamento de Calvino” (Gonzaga, p. 165). Isso mostra a cultura da época que atingia a todos.
Em nossos dias nenhum teólogo afirma que o demônio pode efetuar o ato sexual. Ele é puro espírito. Os antigos, porém, tinham dificuldade de conceber um espírito puro, isento de corpo, ainda que etéreo. Os estoicos imaginavam o pneuma divino como algo de corpóreo a penetrar o mundo material. Os judeus iam mais longe: admitiam que os anjos tivessem pecado sexualmente com mulheres, dando ocasião ao dilúvio narrado em Gn 6-9.
“Naquele tempo viviam gigantes na terra, como também daí por diante, quando os filhos de Deus se uniam às filhas dos homens e elas geravam filhos. Estes são os heróis, tão afamados nos tempos antigos.”
Dom Estevão Bettencourt assim analisa o texto:
“A tradição rabínica e as primeiras gerações cristãs interpretaram “os filhos de Deus” como sendo os anjos, que se teriam unido a mulheres, de modo a gerar descendentes. Tal modo de ver foi consignado (citado), mas não abonado, pelos escritos no Novo Testamento; ver Jd 6; 2Pd 2,4. Com o tempo caiu em descrédito, de sorte que no século IV já era contestado por autores cristãos. É de notar que os anjos não podem ter cópula carnal com mulheres visto que não têm corpo. A interpretação correta vê nos “filhos de Deus” uma população fiel à Lei do Senhor e nas “filhas dos homens” a população infiel ou – como dizem alguns, querendo mais precisão – tratar-se-ia de setitas e cainitas.” (ver Gn 4, 17-24 e 5, 1-32)” (PR, Nº 526 – Ano 2006 – p. 159).
Na Tradição cristã, esta concepção esteve presente até o fim da Idade Média, como se vê; mas nunca foi dogma de fé, apenas tese comum, afirma D. Estevão.
Mas, como o povo assim pensava e acreditava na existência de íncubos e súcubos (demônios machos e fêmeas, respectivamente, que podiam ter relações sexuais com mulheres ou homens), reagia energicamente contra esse grande mal; o faziam de boa fé, embora estivessem errados.
Por “feiticeira” ou “bruxa” entendia-se, naquela época, uma mulher que tinha relação sexual com um demônio masculino (íncubo) ou um homem que tinha relações com um demônio feminino (súcubo). Dessas relações nasceriam filhos enfeitiçados e malvados. Essa mentalidade surgiu com os povos pagãos do norte, os bárbaros celtas; mas penetrou fortemente no cristianismo da Idade Média depois que o rei Carlos Magno (†814) dominou os anglos saxões do norte. Ali havia as feiticeiras druidas.
Essa crença muito antiga se espalhou por toda a Europa cristã num tempo em que a superstição ainda se misturava com a fé da Igreja. A bruxaria era algo visto como terrível.  A Igreja combatia essa superstição e condenava a perseguição às bruxas.
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Fonte: http://cleofas.com.br/a-bruxaria-e-a-feiticaria-no-contexto-da-inquisicao-parte-1/