sexta-feira, 24 de abril de 2015

A origem da Inquisição

POR PROF. FELIPE AQUINO

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A Cristandade tinha a sua base na “teoria das duas espadas”. Para o santo e doutor da Igreja S. Bernardo (†1153), essas duas espadas pertencem à Igreja: uma deve ser tirada pelo Padre; a outra, pela mão do Cavaleiro, a pedido do Padre. Foi o tempo em que o poder temporal estava subordinado ao poder espiritual, uma vez que a Igreja tinha construído a Cristandade e salvado a Europa da destruição dos bárbaros. Foi neste contexto que surgiu a Inquisição. Várias são as causas que motivaram o seu surgimento, como vimos.
Para os criminosos comuns já existiam os tribunais civis na Idade Média, mas tanto o Estado como a Igreja viam-se agora, diante de numerosas ideologias e heresias perigosas, que ameaçam a Civilização; isto motivou a criação de um novo Tribunal.
No século XI  surgiram os cátaros, rejeitavam não somente a face visível da Igreja, mas também as instituições básicas da vida civil – o matrimônio, a autoridade governamental, o serviço militar. Como vimos, os cátaros provocavam tumultos, ataques às igrejas, etc., por todo o decorrer do século XI em diante, na França, na Espanha, na Alemanha, nos Países-Baixos…
É claro que isso não podia ficar sem resposta no contexto da época. Na mentalidade da Idade Média era lícito reprimir a heresia pelo uso da força, quando ela constituía um perigo para a ordem religiosa e civil. A heresia ameaçava o que era mais essencial da vida do povo – a sua fé. Ganhar o céu e evitar o inferno era a única questão fundamental; por isso para o povo era impossível tolerar as blasfêmias dos hereges, que para eles traziam o risco de atrair sobre a sociedade a cólera de Deus.
Vimos que já no século X a imperatriz bizantina Teodora (842-867) no Oriente, tinha condenado à morte milhares de paulicianos, gnósticos e maniqueístas dualistas. Eles predominavam no Oriente no Séc. VI no Império Bizantino (Bernard, p. 12).
A Igreja não forçava os não-cristãos a aceitar a fé em Cristo,  não obrigava os judeus, nem os pagãos ou muçulmanos a abraçar a fé cristã.  Se houve algo diferente disso nos séculos XV e XVI, na Espanha, essas medidas estaduais não partiram da Igreja e nem tiveram sua aprovação.  Mas quem era cristão tinha assumido obrigações diante das autoridades cristãs, que lhes davam o direito de exigir a fidelidade.  Assim, se um cristão negasse a fé (apostasia),  tornava-se  réu de um crime considerado como o maior de todos, na época.cpa_para_entender_a_inquisi_o
Segundo a mentalidade dominante, a pessoa simples, e até o homem culto, não podia reconhecer o direito de se levantar em assunto de fé e moral contra o consenso comum e a  autoridade da Igreja estabelecida por Deus.  Se os inovadores (hereges) guardassem para si suas ideias, poderiam viver em paz. Mas quando começaram a doutrinar, dentro da Igreja, e atrair gente simples e desprevenida, a Igreja e o Estado passaram a agir em defesa da população e da ordem estabelecida, da mesma forma como hoje o Estado reprime os  revolucionários e fora da lei.
A propaganda herética era vista como um fanatismo religioso, e uma ação contra a ordem social. E contra elas não se podia fazer frente apenas com instrução e com argumentos da razão, senão com coação, tribunal e prisão.  Julgava-se, então, justo aplicar a pena capital, que era comum em todos os países na época.  A Igreja exigia disciplina e punições, mas ela não pronunciava ou executava uma sentença de morte, embora certamente a aceitasse isso no contexto jurídico da época. Isto cabia ao Estado; à Igreja “não era lícito derramar sangue”.
Enfim, o Estado estava convencido de que era sua obrigação ética velar pelo bem comum e pela ordem de Deus, fundadora da Igreja visível e da ordem social.
O povo e a autoridade civil, muito mais que a Igreja, se encarregavam de reprimir os hereges com violência; várias vezes os reis franceses, por iniciativa própria e contra a opinião dos bispos, condenaram à morte pregadores albigenses, por subverterem a ordem constituída. E o povo fazia o mesmo.
Prof. Felipe Aquino
Retirado do livro: “Para entender a Inquisição”
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Fonte: http://cleofas.com.br/a-origem-da-inquisicao/

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Os Papas da Igreja nos 2000 anos

POR PROF. FELIPE AQUINO

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O sagrado Magistério da Igreja é dirigido pelo Papa, sucessor de Pedro, Cabeça visível do Corpo de Cristo. A história dos papas é, de certo modo, a história da própria Igreja. Apresentamos em seguida a relação dos Papas, desde Pedro até João Paulo II, conforme publicação oficial do Vaticano. Apresentamos também a relação dos 37 antipapas; foram eleitos sem legitimidade. Esta longa cadeia de 266 Papas da Igreja católica é uma prova inequívoca da Instituição divina do papado, por Cristo, afim de manter a unidade da Igreja e da sua doutrina. Somente a graça de Deus poderia manter esta sucessão ininterrupta de papas, apesar de toda a miséria humana, da qual eles não foram isentos. Nenhuma instituição humana teve tão longa vida e estabilidade.

1. 42-67 – S.PEDRO, de Betsaida (Galileia), morou na cidade de Antioquia e depois foi a Roma (42), onde morreu mártir no ano 67.
2. 67-76 – S. LINO, de Volterra, Toscana
3. 77-88 – S. CLETO ou ANACLETO, romano
4. 89-98 – S. CLEMENTE I, romano
5. 98-105 – S. EVARISTO, grego
6. 105-115 – S. ALEXANDRE I, romano
7. 115-125 – S. SISTO I, romano
8. 125-136 – S. TELÉSFORO, grego
9. 137-140 – S. HIGINO, grego
10. 140-155 – S. PIO I, de Aquiléia, Itália
11. 155-166 – S. ANICETO, Sírio
12. 166-175 – S. SOTERO, de Fondi
13. 175-189 – S. ELEUTÉRIO, de Nicópolis, Grécia
14. 189-199 – S. VÍTOR I, africano
15. 199-217 – S. ZEFERINO, romano
16. 217-222 – S.CALISTO I, romano
Antipapa: Hipólito (217-235)
17. 222-230 – S. URBANO I, romano
18. 230-235 – S. PONCIANO, romano
19. 235-236 – S. ANTERO, grego
20. 236-250 – S. FABIANO, romano
21. 251-253 – S. CORNÉLIO, romano
Antipapa Novaciano (251)
22. 253-254 – S. LÚCIO I, romano
23. 254-257 – S. ESTÊVÃO I, romano
24. 257-258 – S. SISTO II, grego
25. 259-268 – S. DIONÍSIO, grego
26. 269-274 – S. FÉLIX, romano
27. 275-283 – S. EUTIQUIANO, de Luni, Toscana
28. 283-296 – S. CAIO, Dalmácia (hoje, Iugoslávia)
29. 296-304 – S.MARCELINO, romano
30. 307-309 – S. MARCELO I, romano
31. 309-310 – S. EUSÉBIO, grego
32. 311-314 – S. MELQUÍADES, africano
33. 314-335 – S. SILVESTRE I, romano
34. 336 – S. MARCOS, romano
35. 337-352 – S. JÚLIO I, romano
36. 352-366 – S. LIBÉRIO, romano
Antipapa: Félix II (355- 365)
37. 366-384 – S. DÂMASO I, espanhol
Antipapa: Ursino (366-367)
38. 385-398 -S. SIRÍCIO, romano
39. 399-401 – S. ANASTÁCIO I, romano
40. 401-417 – S. INOCÊNCIO I, de Roma
41. 417-418 – S. ZÓSIMO, grego
42. 418-422 – S. BONIFÁCIO I, romano
Antipapa: Eulálio (418-419)
43. 422-432 – S. CELESTINO I, sul da Itália
44. 432-440 – S. SISTO III, romano
45. 440-461 – S. LEÃO I, (Magno), da Túscia (perto de Roma)
46. 461-468 – S . HILÁRIO, Sardenha
47. 468-483 – S. SIMPLÍCIO, de Tívoli (Roma)
48. 483-492 – S. FÉLIX III, romano
49. 492-496 – S. GELÁSIO I, africano
50. 496-498 – S. ANASTÁCIO II, romano
51. 498-514 – S. SÍMACO, da Sardenha
Antipapa: Lourenço (498-505)
52. 514-523 – S. HORMISDAS,de Frisinone
53. 523-526 – S. JOÃO I, da Túscia
54. 526-530 – S. FÉLIX IV, do Sannio (Roma)
55. 530-532 – BONIFÁCIO II, romano
Antipapa: Dióscoro (530)
56. 533-535 – JOÃO II, romano
57. 535-536 – S.AGAPITO I, romano
58. 535-540 – S. SILVÉRIO, de Frosinone
59. 540-555 – VIRGÍLIO, romano
60. 556-561 – PELÁGIO I, romano
61. 561-573 – JOÃO III, romano
62. 574-578 – BENTO I, romano
63. 578-590 – PELÁGIO II, romano
64. 590-604 – S. GREGÓRIO I, Gregório Magno, romano
65. 605-606 – SABINIANO, de Túsculo-Roma
66. 607 – BONIFÁCIO III, romano
67. 608-615 – S. BONIFÁCIO IV, de Valéria dei Marzi
68. 615-618 – S. ADEODATO I, romano
69. 619-625 – BONIFÁCIO V, Nápoles
70. 625-638 – HONÓRIO I, Campânia
71. 640 – SEVERINO, romano
72. 640-642 – JOÃO IV, dálmata
73. 642-649 – TEODORO I, grego
74. 649-655 – S. MARTINHO I, de Todi
75. 655-657 – S. EUGÊNIO I, romano
76. 657-672 – S. VITALIANO, de Segni
77. 672-676 – ADEODATO II, romano
78. 676-678 – DONO, romano
79. 678-681 – S. AGATÃO, siciliano
80. 682-683 – S. LEÃO II, siciliano
81. 684-685 – S. BENTO II, romano
82. 685-686 – JOÃO V, da Síria
83. 686-687 – CÓNON, grego
Antipapas:Teododoro (687), Pascoal (687-692)
84. 687-701 – S. SÉRGIO I, da Síria
85. 701-705 – JOÃO VI, grego
86. 705-707 – JOÃO VII, grego
87. 708 – SISÍNIO, da Síria
88. 708-715 – CONSTANTINO, da Síria
89. 715-731 – S.GREGÓRIO II, romano
90. 731-741 – S. GREGÓRIO III, Síria
91. 741-752 – S. ZACARIAS, grego
92. 752 – ESTÊVÃO, romano
93. 752-757 – S.ESTÊVÃO II (III), romano
94. 757-767 – S. PAULO I, romano
Antipapas: Constantino II (767-768) – Filipe (768)
95. 768-772 – S. ESTÊVÃO III (IV), siciliano
96. 772-795 – ADRIANO I, romano
97. 795-816 – S.LEÃO III, romano
98. 816-817 – S. ESTÊVÃO IV, (V), romano
99. 917-824 – S. PASCOAL I, romano
100. 824-827 – EUGÊNIO II, romano
101. 827 – VALENTIM, romano
102. 827-844 – GREGÓRIO IV, romano
Antipapa: João (844)
103. 844-847 – SÉRGIO II, romano
104. 847-855 – S.LEÃO IV, romano
Antipapa: Anastácio (855)
105. 855-858 – BENTO III, romano
106. 858-867 – S. NICOLAU I, romano
107. 867-872 – ADRIANO III, romano
108. 872-882 – JOÃO VIII, romano
109. 882-884 – MARINO I, de Gallese
110. 884-885 – ADRIANO III, romano
111. 885-891 – ESTÊVÃO V (VI), romano
112. 891-896 – FORMOSO, romano
113. 896 – BONIFÁCIO VI, de Gallese
114. 896-897 – ESTÊVÃO VI (VII), romano
115. 897 – ROMANO, de Gallese
116. 897 – TEODORO II, romano
117. 898-900 – JOÃO IX, de Tívoli
118. 900-903 – BENTO IV, romano
119. 903 – LEÃO V, de Árdea
Antipapa: Cristóvão (903-904)
120. 904-911 – SÉRGIO III, romano
121. 911-913 – ANASTÁCIO III, romano
122. 913-914 – LÂNDON, de Sabina (Lácio)
123. 914-928 – JOÃO X, de Ravena
124. 928-929 – LEÃO VI, romano
125. 929-931 – ESTÊVÃO VII (VIII), romano
126. 931-935 – JOÃO XI, romano
127. 936-939 – LEÃO VII, romano
128. 939-942 – ESTÊVÃO VIII (IX), romano
129. 942-946 – MARINO II, romano
130. 946-955 – AGAPITO II, romano
131. 955-963 – JOÃO XII, romano
132. 963-964 – LEÃO VIII, romano
133. 964-965 – BENTO V, romano
134. 965-972 – JOÃO XIII, romano
135. 973-974 – BENTO VI, romano
Antipapa: Bonifácio VII (974)
136. 975-983 – BENTO VII, romano
137. 983-984 – JOÃO XIV, de Pavia
138. 985-996 – JOÃO XV, romano
139. 996-999 – GREGÓRIO V, de Caríntia, Alemanha
Antipapa: João XVI (997- 998)
140. 999-1003 – SILVESTRE II, francês
141. 1003 – JOÃO XVII, romano
142. 1003-1009 – JOÃO XVIII, de Áscoli Piceno
143. 1009-1012 – SÉRGIO IV, romano
144. 1012-1024 – BENTO VIII, romano
Antipapa: Gregório (1012)
145. 1024-1032 – JOÃO XIX, romano
146. 1033-1044 – BENTO IX, romano (primeiro pontificado)
147. 1045 – SILVESTRE III, romano
148. 1045 – BENTO IX, romano (segundo Pontificado)
149. 1045-1046 – GREGÓRIO VI, romano
150. 1046-1047 – CLEMENTE II, alemão
151. 1047-1048 – BENTO IX (terceiro pontificado)
152. 1048 – DÂMASO II, alemão
153. 1049-1054 – S. LEÃO IX, de Egisheim, Alemanha
154. 1054-1057 – VÍTOR II, de Dollestein, Alemanha
155. 1057-1058 – ESTÊVÃO IX (X), de Lorena, Alemanha
Antipapa: Bento X (1058)
156. 1059-1061 – NICOLAU II, de Borgonha, França
157. 1061-1073 – ALEXANDRE II, Milão
Antipapa: Honório II (1061-1072)
158. 1073-1085 – S. GREGÓRIO VII, de Soana, perto de Sena
Antipapa: CLEMENTE III (1080 e 1084-1100)
159. 1086-1087 – B.VÍTOR III, de Benevento
160. 1088-1099 – B.URBANO II, francês
161. 1099-1118 – PASCOAL II, de Viterbo
Antipapa: Teodorico (1100-1102),
Alberto (1102), Silvestre IV (1105-1111)
162. 1118-1119 – GELÁSIO II, de Gaeta
Antipapa: Gregório VIII (1118-1121)
163. 1119-1124 – CALISTO II, de Borganha, França
164. 1124-1130 – HONÓRIO II, de Ímola
Antipapa: Celestino II, (1124)
165. 1130-1143 – INOCÊNCIO II, romano
Antipapas: Anacleto II (1130-1138), Vítor IV (1138)
166. 1143-1144 – CELESTINO II, de Cittá di Castello
167. 1144-1145 – LÚCIO II, de Bolonha
168. 1145-1153 – B.EUGÊNIO III, de Pisa
169. 1153-1154 – ANASTÁCIO IV, romano
170. 1154-1159 – ADRIANO IV, inglês
171. 1159-1181 – ALEXANDRE III, Sena
Antipapas: Vítor IV (1159-1164); Pascoal III (1164-1168); Calisto III (1168-1178); InocêncioIII (1179-1180)
172. 1181-1185 – LÚCIO III, de Lucca
173. 1185-1187 – URBANO III, de Milão
174. 1187 – GREGÓRIO VIII, de Benevento
175. 1187-1191 – CLEMENTE III, romano
176. 1191-1198 – CELESTINO III, romano
177. 1198-1216 – INOCÊNCIO III, Anagni
178. 1216-1227 – HONÓRIO III, romano
179. 1227-1241 – GREGÓRIO IX, Anagni
180. 1241 – CELESTINO IV, Milão
181. 1243-1254 – INOCÊNCIO IV, de Gênova
182. 1254-1261 – ALEXANDRE IV, de Anagni
183. 1261-1264 – URBANO IV, francês
184. 1265-1268 – CLEMENTE IV, francês
185. 1271-1276 – B. GREGÓRIO X, de Piacenza
186. 1276 – B. INOCÊNCIO V, de Savóia, França
187. 1276 – ADRIANO V, de Gênova
188. 1276-1277 – JOÃO XXI, português
189. 1277-1280 – NICOLAU III, romano
190. 1281-1285 – MARTINHO IV, francês
191. 1285-1287 – HONÓRIO IV, romano
192. 1288-1292 – NICOLAU IV, de Áscoli Piceno
193. 1294 – S.CELESTINO V, de Isérnia
194. 1294-1303 – BONIFÁCIO VIII, de Anagni
195. 1303-1304 – B.BENTO XI, de Treviso
196. 1305-1314 – CLEMENTE V, francês
197. 1316-1334 – JOÃO XXII, francês
Antipapa: Nicolau V (1328-1330)
198. 1334-1342 – BENTO XII, francês
199. 1343-1352 – CLEMENTE VI, francês
200. 1352-1362 – INOCÊNCIO VI, francês
201. 1362-1370 – B. URBANO V, francês
202. 1370-1378 – GREGÓRIO XI, francês
203. 1378-1389 – URBANO VI, de Nápoles
204. 1389-1404 – BONIFÁCIO IX, Nápoles
205. 1404-1406 – INOCÊNCIO VII, de Sulmona
206. 1406-1417 – GREGÓRIO XII, veneziano
Antipapas: Clemente VII (1378-1394);
Bento XIII (1394-1423); Alexandre V (1409-1410);
João XXIII (1410-1415)
207. 1417-1431 – MARTINHO V, de Genazzano (Roma)
208. 1431-1447 – EUGÊNIO IV, de Veneza
Antipapa: Félix V (1439-1449)
209. 1447-1455 – NICOLAU V, de Sarzana, Gênova
210. 1455-1458 – CALISTO III, espanhol
211. 1458-1464 – PIO II, de Pienza, Sena
212. 1464-1471 – PAULO II, de Veneza
213. 1471-1484 – SISTO IV, de Celle Lígure (Savona)
214. 1484-1492 – INOCÊNCIO VIII, de Gênova
215. 1492-1503 – ALEXANDRE VI, espanhol
216. 1503 – PIO III, de Sena
217. 1503-1513 – JÚLIO II, de Savona
218. 1513-1521 – LEÃO X, de Florença
219. 1521-1523 – ADRIANO VI, holandês
220. 1523-1534 – CLEMENTE VII, de Florença
221. 1534-1549 – PAULO III, de Viterbo
222. 1550-1555 – JÚLIO III, romano
223. 1555 – MARCELO II, de Montepulciano (Sena)
224. 1555-1559 – PAULO IV, de Nápoles
225. 1559-1565 – PIO IV, de Milão
226. 1566-1572 – S. PIO V, de Bosco Marengo, perto de Alexandria, Itália
227. 1572-1585 – GREGÓRIO XII, de Bolonha
228. 1585-1590 – SISTO V, de Grottammare
229. 1590 – URBANO VII, romano
230. 1590-1591 – GREGÓRIO XIV, de Cremona
231. 1591 – INOCÊNCIO IX, de Bolonha
232. 1592-1605 – CLEMENTE VIII, de Florença
233. 1605 – LEÃO XI, de Florença
234. 1605-1621 – PAULO V, romano
235. 1621-1623 – GREGÓRIO XV, de Bolonha
236. 1623-1644 – URBANO VIII, de Florença
237. 1644-1655 – INOCÊNCIO X, romano
238. 1655-1667 – ALEXANDRE VII, de Sena
239. 1667-1669 – CLEMENTE IX, de Pistóia
240. 1670-1676 – CLEMENTE X, romano
241. 1676-1689 – INOCÊNCIO XI, de Como
242. 1689-1691 – ALEXANDRE VIII, de Veneza
243. 1691-1700 – INOCÊNCIO XII, de Nápoles
245. 1700-1721 – CLEMENTE XI, de Urbino
245. 1721-1724 – INOCÊNCIO XIII, romano
246. 1724-1730 – BENTO XIII, de Bari
247. 1730-1740 – CLEMENTE XII, de Florença
248. 1740-1758 – BENTO XIV, de Bolonha
249. 1758-1769 – CLEMENTE XIII, e Veneza
250. 1769-1774 – CLEMENTE XIV, de Forli, Rímini
251. 1775-1799 – PIO VI, de Cesena
252. 1800-1823 – PIO VII, de Cesena
253. 1823-1829 – LEÃO XII, de Genga, Ancona
254. 1829-1830 – PIO VIII, de Cíngoli, Macerata
255. 1831-1846 – GREGÓRIO XVI, de Belluno
256. 1846-1878 – PIO IX, de Senigallia, Ancona
257. 1878-1903 – LEÃO XIII, de Carpineto
258. 1903-1914 – S. PIO X, de Riese, Treviso
259. 1914-1922 – BENTO XV, de Pegli, Gênova
260. 1922-1939 – PIO XI, de Désio, Milão
261. 1939-1958 – PIO XII, romano
262. 1958-1963 – JOÃO XXIII, de Sotto il Monte, Bérgamo
263. 1963-1978 – PAULO VI, de Concésio, Bréscia
264. 1978 – JOÃO PAULO I, de Canale D’Agordo*, Belluno
265. 1978 -2005- JOÃO PAULO II, de Cracóvia, Polônia.
266.2005-2013-BENTO XVI, de Baviera, Alemanha
* Canale d’Agordo chamava-se, até 1964, Forno de Canale.
Nacionalidade dos Papas
Italianos (211), franceses (15), gregos (14), sírios (6), alemães (6), africanos (3), espanhois (3), dálmatas (2- iuguslavos), português (1), palestino (1), ingles (1), holandes (1), polonês (1).
Duração dos Pontificados
Os mais longos
Pio IX 32 anos
João Paulo II 27 anos
Leão XIII 25 anos
Pio VI 24 anos
Adriano I 23 anos
Pio VII 23 anos
Alexandre II 22 anos
Clemente IX 21 anos
Urbano VIII 21 anos
S. Silvestre 21 anos
S. Leão I (Magno) 21 anos
S. Leão III 21 anos
Pascoal II 19 anos
Pio XII 19 anos
Inocêncio II 18 anos
João XXII 18 anos
Bento XIV 18 anos
Pio XI 17 anos
Note que o Papa João Paulo II, já tem 22 anos de pontificado, estando portanto entre os onze papas que tiveram pontificados mais longos.
Os mais curtos
Estevão 3 dias
Bonifácio VI 10 dias
Urbano VII 15 dias
Marcelo II 20 dias
Teodoro II 20 dias
Celestino IV 20 dias
Dâmaso II 20 dias
Pio XIII 26 dias
Leão XI 26 dias
Adriano V 28 dias
João Paulo I 33 dias
Gregório VIII 57 dias
Inocêncio IX 62 dias
Vitor III 113 dias
Número de papas por século
Século – Número de papas
I 5
II 10
III 14
IV 10
V 12
VI 13
VII 20
VIII 13
IX 20
X 23
XI 21
XII 16
XIII 17
XIV 10
XV 11
XVI 17
XVII 11
XVIII 8
XIX 6
XX 8
Papas que renunciaram
- Ponciano, em 235
- Celestino V, em 1294
- Gregório XII, 1415 (havia sido deposto pelo Concílio de Pisa, depois renunciou espontaneamente).
- Bento XVI, 2013
Papas que foram depostos
- Silvério, em 537
- João X, em 928
- João XI, em 935
- João XII, em 963
- Bento V, em 964
- Leão VIII, em 964
- Gregório XII, deposto ilegalmente pelo Concílio de Pisa em 1409, abdicou em 1415.
- Bento IX, deposto três vezes, em 1044, 1045 e em 1047.
Papas irmãos
S. Paulo I , sucedeu em 757 ao seu irmão S. Estevão II (III).
João XIX, sucedeu em 1024 ao seu irmão Bento VIII.
Papas que reeleitos 
- Bonifácio VII (antipapa), foi eleito a primeira vez em 974 e novamente eleito em 978.
- Bento IX (1032 – 1044), foi reeleito depois de ter sido deposto (1045), mais tarde foi novamente deposto e novamente reeleito (1047 – 1048).
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Fonte: http://cleofas.com.br/os-papas-da-igreja-nos-2000-anos/

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Igrejas na Turquia à beira da extinção

ESCRITO POR UZAY BULUT | 21 ABRIL 2015 

A Hagia Sophia em Istambul, a maior catedral do mundo cristão de outrora. 
(imagem: Antoine Taveneaux/Wikimedia Commons)

Enquanto cristãos ortodoxos orientais comemoravam recentemente a Semana Santa, uma igreja de valor histórico inestimável em Istambul, a outrora magnífica cidade cristã de Constantinopla, está testemunhando mais um abuso nas mãos das autoridades ora no poder.
"A catedral e o museu da histórica Istambul, Hagia Sophia, presenciaram a primeira vez que o Alcorão foi recitado sob seu teto no sábado após 85 anos", segundo foi noticiado pela agência estatal de notícias Anatolian News Agency da Turquia. "O Departamento para Assuntos Religiosos inaugurou a exibição "Amor do Profeta", como parte das comemorações do nascimento do Profeta islâmico Maomé".
Muito embora os cristãos sejam uma pequena minoria na Turquia de hoje, o cristianismo tem uma longa história na Ásia Menor, terra natal de diversos apóstolos e santos cristãos, inclusive Paulo de Tarso, Timóteo, Nicolau de Mira (Lícia) e Policarpo de Esmirna.
Todos os sete primeiros Concílios Ecumênicos foram celebrados no que é a Turquia de hoje. Dois dos cinco centros (Patriarcados) da antiga Pentarquia, Constantinopla (Istambul) e Antioquia (Antakya), também estão localizados na Turquia. Antioquia foi o lugar em que pela primeira vez os seguidores de Jesus foram chamados de "cristãos".
A Turquia também é a terra natal das Sete Igrejas da Ásia, para onde foram enviadas as Revelações de João. Nos séculos seguintes inúmeras igrejas foram construídas naquela região.
Uma delas, a Hagia Sophia já foi a maior catedral do mundo cristão, até a queda de Constantinopla nas mãos dos otomanos em 29 de maio de 1453, seguida por três dias de saques desenfreados.[1]
Hagia Sophia não foi poupada. Os saqueadores invadiram a Hagia Sophia destruindo os portões. Sitiados dentro da igreja, congregados e refugiados se tornaram espólio a ser dividido entre os invasores otomanos.
O historiador Steven Runciman relata em The Fall of Constantinople (A Queda de Constantinopla), 1453:
"eles massacraram qualquer um que estivesse nas ruas, homens, mulheres e crianças sem distinção. O sangue jorrava como em rios ruas abaixo das alturas de Petra ao Chifre de Ouro. Rapidamente a ânsia pelo morticínio foi se acalmando. Os soldados logo perceberam que cativos e peças preciosas lhes trariam grande lucro".[2]
Após a queda da cidade, a Igreja Hagia Sophia foi transformada em mesquita.
Uma mesquita com o nome de Hagia Sophia (em grego Ἁγία Σοφία, "Sabedoria Sagrada") é permitido desde que a igreja esteja sob o controle de uma teocracia islâmica. É como se houvesse uma mesquita chamada "A Mesquita Armênia da Cruz Sagrada".
Nos anos 1930, o governo turco a transformou em um museu. Agora, transformá-la em um museu não denota um verdadeiro estado democrático. Uma das características em comum entre o Império Otomano e a Turquia moderna parece ser a intolerância às igrejas.
Em 2013 o vice-primeiro-ministro da Turquia Bulent Arinc, expressou seu desejo de ver o Museu Hagia Sophia ser usado como mesquita, até referindo-se a ele como "Mesquita Hagia Sophia".
"A Turquia não está transformando igrejas em mesquitas porque há uma carência de mesquitas ou porque a Turquia não dispõe de recursos para construí-las", segundo Constantine Tzanos. "A mensagem transmitida por aqueles na Turquia que materializaram a conversão de igrejas cristãs em mesquitas e que preconizam a conversão da Hagia Sofia é a de que a Turquia é um país islâmico e não é tolerada nenhuma outra religião".
Em novembro de 2014, o Papa Francisco foi o quarto Papa a visitar a Turquia. O porta-voz do ministério das relações exteriores da Turquia Tanju Bilgic disse aos repórteres que durante a visita, a questão de uma "aliança de civilizações, diálogo de culturas, xenofobia, a luta contra o racismo e desenvolvimento político na região" fazem parte de agenda do Papa.
A agenda do Papa Francisco devia na realidade incluir as igrejas da Turquia que foram destruídas, danificadas ou convertidas em muitas coisas, inclusive estábulos, como a histórica Igreja Armênia Gregoriana na província de Izmir (Esmirna). "Há cidadãos que colocam suas vacas e cavalos dentro da igreja, ao mesmo tempo que os vizinhos reclamam que a igreja se transformou em antro de viciados e alcoólatras", de acordo com o jornal Milliyet.
Outra vítima da intolerância de igrejas na Turquia, a Igreja Bizantina Agios Theodoros em Istambul, foi primeiro convertida em mesquita durante o governo do Sultão Otomano Mehmed II, recebeu o nome em homenagem a Mollah Gurani, o quarto Sheikh-ul-Islam (a autoridade que governava os assuntos religiosos dos muçulmanos no Império Otomano).
Foi reportado em março de 2014 que a entrada da ex-mesquita/igreja se transformou em uma "casa" e o andar superior em um "apartamento". Uma cabana foi construída em seu jardim. O quarto do padre é agora o banheiro.
Séculos depois, os hábitos dos turcos otomanos, ao que tudo indica, não mudaram.
Hoje a Turquia conta com uma percentagem menor de cristãos em relação a sua população do que a de qualquer um de seus vizinhos, menos que na Síria, Iraque ou Irã. A maior causa disso foram os massacres ou genocídios assírios,armênios e gregos ocorridos entre 1915 e 1923.
Pelo menos 2,5 milhões de cristãos nativos da Ásia Menor foram mortos, abertamente massacrados ou vítimas de deportações, trabalho escravo ou marchas da morte. Muitos deles morriam em campos de concentração, de doenças ou inanição.
Muitos gregos que sobreviveram ao massacre foram expulsos de suas casas na Ásia Menor em 1923, quando da troca forçada da população entre a Turquia e a Grécia.
A devastação física foi seguida pela devastação cultural. Do começo ao fim da história da república turca, inúmeras igrejas e escolas cristãs foram destruídas ou transformadas em mesquitas, depósitos e estábulos, entre outras coisas.
O colunista Raffi Bedrosyan relata no Armenian Weekly que
"sobraram somente 34 igrejas e 18 escolas hoje na Turquia, a maioria em Istambul, com menos de 3.000 estudantes nessas escolas".
...
"Estudos recentes estimam que havia cerca de 2.300 igrejas armênias na Turquia antes de 1915. O número de escolas antes de 1915 é estimado em aproximadamente 700 com 82.000 estudantes. Esses números valem apenas para igrejas e escolas sob jurisdição do Patriarcado Armênio de Istambul e da Igreja Apostólica e, portanto não incluem as inúmeras igrejas e escolas pertencentes às paróquias armênias católicas e protestantes".
Walter Flick, estudioso da International Society for Human Rights na Alemanha, afirma que a minoria cristã na Turquia não usufrui dos mesmos direitos que a maioria muçulmana.
"A Turquia tem aproximadamente 80 milhões de habitantes", segundo ele. "Há apenas cerca de 120.000 cristãos, ou seja, menos de um por cento da população. Os cristãos, sem a menor sombra de dúvida, são vistos como cidadãos de segunda classe. O cidadão de verdade é muçulmano e os que não são muçulmanos são vistos com suspeita".
De acordo com um levantamento de 2014, 89% da população turca disseram que o que define uma nação é fazer parte de uma determinada religião. Entre os 38 países que responderam à pergunta, se fazer parte de uma religião específica (Islã) é importante na definição do conceito de uma nação, a Turquia com 89% da população concordando, ficou em primeiro lugar no mundo. [3]
"De certa maneira a política de Ancara contra os cidadãos cristãos da Turquia acrescentou um viés moderno e uma crueldade sofisticada às normas e práticas otomanas", explica a cientista política Dra. Elizabeth H. Prodromou e o historiador Dr. Alexandros K. Kyrou. "Nas palavras de um hierarca anônimo da igreja na Turquia, temeroso pela vida de seu rebanho, os cristãos na Turquia são uma espécie ameaçada de extinção".
Em 4 abril de 1949, os signatários da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em Washington D.C.anunciaram: "As Partes desse Tratado reafirmam sua fé nos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e no desejo de viver em paz com todos os povos e todos os governos. Elas estão determinadas a salvaguardar a liberdade, civilização e herança comum de seus povos, fundamentados nos princípios da democracia, liberdade individual e estado de direito. Elas procuram promover estabilidade e bem-estar no âmbito do Atlântico Norte. Elas são resolutas quanto à união de seus esforços quanto à defesa coletiva e à preservação da paz e segurança".
Fazer parte da União Européia e da OTAN requer respeitar os valores humanistas, judaicos, cristãos, helenistas e seculares que caracterizam a civilização ocidental e vêm contribuindo para os direitos civis, democracia, filosofia e ciência, dos quais todos podem se beneficiar.
Lamentavelmente a Turquia, membro da OTAN desde 1952 e ao que consta, candidata a membro da União Européia, logrou, quase que por completo, destruir toda a herança cultural cristã da Ásia Menor.
Tudo isso lembra o que o EIIS e demais exércitos jihadistas vêm fazendo no Oriente Médio. Na Turquia a população cristã remanescente, netos dos sobreviventes do genocídio, ainda estão expostos à discriminação. Os velhos hábitos dos turcos otomanos parecem não morrer.
Notas:

[1] Runciman, Steven (1965). The Fall of Constantinople, 1453. Cambridge: Cambridge University Press.
[2] Ibid.
[3] Em 2014, o Professor Ersin Kalaycioglu da Universidade de Sabanci e o Professor Ali ‎Carkoglu da Universidade de Koc conduziram a pesquisa "Nacionalismo na Turquia e no mundo", baseada nas entrevistas de cidadãos turcos com idade acima de 18 anos em 64 cidades por toda a Turquia. "De modo que de acordo com os cidadãos (turcos) nas ruas, turco é aquele que é muçulmano", segundo o Prof. Carkoglu.


Uzay Bulut
, muçulmana de nascença, é uma jornalista turca estabelecida em Ancara.

Do Gatestone Institute.
Original em inglês: Churches in Turkey on the Verge of Extinction
Tradução: Joseph Skilnik

Fonte: http://www.midiasemmascara.org/mediawatch/noticiasfaltantes/perseguicao-anticrista/15782-2015-04-21-19-36-24.html

terça-feira, 21 de abril de 2015

Católico e protestante debatem em avião

Em voo rumo ao Rio, um jovem católico se assenta ao lado de um senhor protestante. Não demora muito para que os dois, respeitosamente, entrem em choque.


Em um voo para o Rio de Janeiro, um jovem católico se assenta ao lado de um senhor protestante. Ambos estão vestidos simples e modestamente: camisa por dentro da calça social e sapatos pretos. Trocam breves cumprimentos, afivelam seus cintos, enquanto os demais passageiros se aconchegam em suas poltronas. O piloto inicia os procedimentos para decolagem, e as aeromoças dão as instruções para a segurança dos tripulantes. "Desliguem todos os seus equipamentos eletrônicos; coloquem suas poltronas na posição vertical", pede uma delas, falando ao microfone. Sentindo que a aeronave já estava no ar, o rapaz católico traça o sinal da cruz, sob o olhar surpreso do senhor protestante.
— Você é católico? — pergunta o senhor, dando início a um colóquio sobre imagens, santos, Maria, celibato etc.
— Sim, sou — responde o jovem.
— Como vocês, católicos, podem adorar imagens, se no livro de Êxodo, capítulo 20, Deus o proíbe?
— Deus não proíbe as imagens, mas a idolatria. Em Êxodo, 25, duas páginas à frente do capítulo que o senhor mencionou, Deus pede a Moisés que faça duas imagens de Querubins para a Arca da Aliança. — E o católico prossegue: — Ora, Deus não é esclerosado. Nós, católicos, temos imagens como um ícone, um sinal que nos remete para os céus. Num tempo de tanto ateísmo, as imagens são muito importantes para nos lembrar da existência de Deus.
— Não concordo com isso — rebate o protestante —, assim como não concordo com o celibato dos padres. Pedro se casou, você sabia?
— Sim, mas Pedro, como vocês, protestantes, costumam dizer, não é o caminho, a verdade e a vida. Esse caminho é Jesus. E Ele não se casou. Os padres seguem o exemplo de Cristo.
— Mas, quanto a Maria — insiste o senhor —, Jesus disse que todo aquele que faz a vontade do Pai é seu irmão e sua mãe.
— Todos os anos, na festa da Apresentação de Nossa Senhora, a Igreja proclama justamente esse Evangelho, pois se trata de um elogio de Jesus a sua Mãe. Mais do que todos, Ela é a "bem-aventurada porque acreditou", a que realmente soube cumprir a vontade do Pai (cf. Lc 1, 45). Antes de ser Mãe de Jesus na carne, ela foi Mãe na fé. O Espírito Santo diz pela boca de Santa Isabel: "A que devo a honra de vir a mim a Mãe de meu Senhor?" (Lc 1, 43). Jesus não contradiz o Espírito Santo.
Ainda não satisfeito com as explicações do jovem, embora extremamente surpreendido com o conhecimento bíblico que ele demonstrara, o protestante acusa:
— Essa é a interpretação da sua Igreja. Infelizmente, a Bíblia pode ser interpretada de várias formas.
— Concordo com o senhor — torna a responder o católico, pronto para finalizar a disputatio —, mas a livre interpretação da Bíblia foi algo inventado por Martinho Lutero, o fundador da sua religião. Nós, católicos, seguimos a Tradição Apostólica. Cremos naquilo que os cristãos sempre acreditaram, não em fábulas de homens quaisquer.
A conversa estende-se por mais alguns minutos. Vendo a eloquência dos argumentos católicos, o protestante "baixa a guarda", por assim dizer, a fim de prestar atenção às palavras daquele jovem que demonstrava tanta convicção em sua fé, que falava com tanto amor da Virgem Maria, dos santos e, sobretudo, de Jesus Cristo. De repente, a Igreja Católica já não parecia o monstro pintado pelos pastores evangélicos. O debate agora era uma conversa entre aluno e catequista. O protestante queria conhecer aquela beleza escondida, o patrimônio cristão de séculos, amputado pela ruptura luterana.
De fato, no imaginário protestante comum, a Igreja Católica é, na melhor das hipóteses, uma Igreja como as demais, não a unica Christi Ecclesia, como reafirmou o Concílio Vaticano II [1]. Desde cedo, por causa de um proselitismo demasiado agressivo, muitos evangélicos são ensinados a considerar a religião católica uma seita, uma espécie de sincretismo pagão. Ademais, é-se criado um estereótipo. Por isso, certa feita, disse mui acertadamente o venerável Fulton Sheen: "Talvez não haja nos Estados Unidos uma centena de pessoas que odeiem a Igreja Católica; mas há milhões de pessoas que odeiam aquilo que erroneamente supõem ser a Igreja Católica." O senhor protestante odiava uma falsa Igreja Católica; odiava o espantalho, porque desconhecia o corpo verdadeiro. Posto, no entanto, diante da verdadeira fé cristã, não pôde senão exprimir sua perplexidade. O castelo de cartas havia ruído. Embaraçado com a descoberta, o senhor protestante questiona o jovem católico:
— Vejo que você é um rapaz que ama a Jesus Cristo, que dedica sua vida à Igreja. Você é diferente da maioria dos católicos que conheci. Gostaria de entender, então, por que grande parte dos católicos são relaxados. Digo, por que vão à missa mal vestidos, as mulheres com decotes e minissaias, os rapazes com bermudas ou as calças caídas, se lá está presente Jesus, como você me explicou? Nós, protestantes, sempre vamos ao culto com boas roupas, bem vestidos, pois queremos entregar nosso melhor para Deus. Por que essa diferença?
Silêncio na aeronave. Agora era a vez do jovem católico abaixar a cabeça em sinal de lamentação. Que poderia responder ele? Que poderia dizer em favor de seus irmãos católicos? Acaso não era verdade — para nossa vergonha — o que o senhor protestante observara?
— Os doze apóstolos — respondeu o jovem, depois de pensar um pouco — testemunharam por três anos a pregação, os milagres e, principalmente, o amor de Cristo pelo homem. Na cruz, no entanto, restaram umas poucas mulheres e apenas um apóstolo. Um discípulo o traiu, outro ainda o negou, e os nove demais se esconderam por medo… A Igreja de ontem se parece muito com a Igreja de hoje. É forçoso reconhecer, mas, mesmo nos maus exemplos, ela é apostólica.
O diálogo entre esses dois personagens elucida muito bem a situação em que muitos cristãos, sejam católicos, sejam protestantes, se encontram hoje. Já falamos, ao menos um pouco, das razões que levam os evangélicos a se afastarem do catolicismo. A propaganda hostil contra a Igreja, com base na famosa falácia do espantalho — isto é, a criação de uma caricatura para substituir o que é original —, é uma delas. Mas seria bastante desonesto culpar somente o proselitismo pela evasão de fiéis. Na história do cristianismo, o contra-testemunho sempre foi uma pedra de tropeço. É preciso, por isso, um mea culpa.
Existe uma tendência dentro da Igreja, hoje em dia, de se reduzir a espiritualidade a alguns chavões bonitos, mas vazios. Certa filosofia da calça jeans, por exemplo, tem feito muitos confundirem a Celebração da Santa Missa com a barraca de peixe da feira. Vai-se à Eucaristia como se se tratasse de algo qualquer, sem o devido decoro ou a mínima reverência. Jovens que rezam e zelam pela casa de Deus são achincalhados e segregados em suas comunidades. Performances de dança e peças de teatro encenadas na frente do Santíssimo, ao contrário, são consideradas expressões da universalidade. Um jovem de roupa social é "careta", outro, mostrando a roupa de baixo, é "descolado". A lista de contradições é comprida e cansativa. Sem mais delongas, recordemos o que São Paulo insistentemente ensinava: "Os que exercem bem o ministério, recebem uma posição de estima e muita liberdade para falar da fé em Cristo Jesus" (1 Tm 3, 13). Nada mais que o óbvio. Se os ateus, os agnósticos, os protestantes etc. não enxergarem a piedade e o zelo dos católicos pelo bem mais sublime da fé, como poderão crer?
Falta formação. Apascentar as ovelhas de Cristo com a ciência e a doutrina (cf. Jr 3, 15). Lembrar-se de que além de mãe, a Igreja é mestra. Mater et Magistra, como dizia São João XXIII. Os maus exemplos visíveis em tantas comunidades são, na sua maioria, decorrentes da falta de conhecimento. Seria simples farisaísmo responsabilizar o laicato por tais abusos, quando muitos deles são feitos com a reta intenção de agradar a Deus. Não, a responsabilidade é de outro departamento. É serviço do clero ensinar a fé e a moral, segundo a Tradição. É serviço dos padres abrir os tesouros da Igreja para todos. Quem tem acesso a esse conteúdo, por conseguinte, não só muda de vida, como também contribui para o crescimento espiritual dos demais. Cria-se um círculo virtuoso. E ainda que custe o descanso e o tempo, só assim se formam "pastores com o 'cheiro das ovelhas', pastores no meio do seu rebanho, e pescadores de homens" [2]. Vale recordar o que diz o Concílio Vaticano II, acerca da missão dos bispos:
"No exercício do seu múnus de ensinar, anunciem o Evangelho de Cristo aos homens, que é um dos principais deveres dos Bispos, chamando-os à fé com a fortaleza do Espírito ou confirmando-os na fé viva. Proponham-lhes na sua integridade o mistério de Cristo, isto é, aquelas verdades que não se podem ignorar sem ignorar o mesmo Cristo. E ensinem-lhes o caminho que Deus revelou para ser glorificado pelos homens e estes conseguirem a bem-aventurança eterna." [3]
Não se está exigindo — atentem-se — nem o uso de véus, nem de saias, nem a comunhão de joelhos, tampouco missas em latim. Essa não é a questão. Apenas se faz um chamado ao bom senso. Salta aos olhos a indiferença que dia sim, dia também, se faz presente em tantas paróquias. Em alguns casos, torna-se mesmo difícil distinguir entre uma matinée e uma Missa, dada a quantidade de pirotecnia, firulas e vestimentas, no mínimo, indecorosas presentes na celebração.
A Igreja Católica é a mais sublime de todas as instituições porque é a perpetuação da encarnação de Cristo na Terra. Mas, para um protestante acostumado a imaginar o espantalho construído por seu pregador, o mau exemplo de tantos católicos torna quase impossível o encontro dessa verdade. Para cada espantalho filosófico, há uma porção de espantalhos ambulantes.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referências

  1. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 21 de novembro de 1964, n. 8
  2. Papa Francisco, Homilia da Quinta-Feira Santa, 28 de março de 2013
  3. Concílio Vaticano II, Decreto Christus Dominus, 28 de outubro de 1965, n. 12