Quando construímos nossa casa, estamos mais jovens e pensamos em deixar o nosso lar bem confortável. Criamos um ambiente espaçoso e com pisos lisos e bonitos, com portas bonitas e pouco eficientes, a luminosidade aconchegante, com móveis de design moderno e um banheiro reluzente, contendo escadas em vários níveis de acesso.
É muito boa a nossa casa, feita por um engenheiro jovem para um casal jovem. Depois chegam as visitas temporárias dos avós, e mais tarde, as visitas definitivas dos nossos pais que se juntam a nós mesmos já com 30 ou 40 anos a mais. Agora o novo ambiente precisa ser adaptado para quem já está com “dores nas juntas” e que fica cansado ao cuidar de uma casa que não foi planejada para o futuro dos seus moradores.
Com o envelhecimento crescente da população, tornam-se cada vez mais urgentes o planejamento e a adequação dos ambientes para as pessoas idosas. Exemplos de inadequação são os supermercados com suas prateleiras altas; a porta rotatória dos bancos; as escadas rolantes; as catracas dos ônibus e até as escadarias das igrejas que tornam difícil e até impossível o uso pelos mais idosos.
Diante de tantas dificuldades na sua própria casa e na comunidade, as pessoas idosas precisam escolher envelhecer onde lhe é mais adequado, ficando assim limitado o seu espaço de convivência social, familiar, religiosa. À medida que envelhecemos, também ficamos mais frágeis e o ambiente deve estar adaptado às nossas crescentes necessidades de assistência.
Aprendamos a criar espaços planejados para nossos idosos e para o futuro de nós mesmos. Fiquemos atentos aos portadores de incapacidades físicas, psíquicas e sensórias. Não é só o deficiente físico, mas o auditivo e visual e aquele senhor esquecido que apresenta dificuldades na memória. Se os fizermos mais interativos no dia a dia, eles terão mais independência funcional, diminuirão seu desânimo e sua apatia, terão menos queixas de dores, de sono, de depressão e de ansiedade.
Quando for construir vou me lembrar do vovô e da vovó: vou querer piso aderente, boa luminosidade, apoio para as mãos nas mudanças de nível, evitar degraus, ter o vaso sanitário mais alto, armários e prateleiras baixas.
Dr. Reginaldo Cardoso
Geriatra
Publicado por Arca da Aliança em 16 de junho de 2013 em Crescendo na Graça
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