Todos os anos, na troca de estação, percebemos que as roupas de
nossos filhos não servem mais, eles se desenvolvem rápido. Então no ano
passado, como pais decidimos que iríamos comprar no inverno casacos melhores,
mas com uma numeração que nossos filhos pudessem usar por uns dois ou três
anos. Para o nosso filho que usava o número 12, adquirimos um casaco número 16.
Acontece que neste ano ele perdeu este casaco. Quando fui ao colégio dele
conversei com o responsável pelos achados e perdidos, ele mostrou-me duas
caixas enormes de papelão com muitas roupas deixadas pelas crianças. Ele
disse-me: “Não entendo como é que os pais não sentem falta dessas roupas que
estão aqui ha tanto tempo e são tão boas”.
Este exemplo é um dos reflexos
da situação de nossas famílias; onde os filhos perdem suas roupas e nem é
sentido a falta. Muitas crianças e adolescentes estão perdendo também a
inocência e a paz, por serem deixados a si mesmos.
O Papa João Paulo II falou em uma de suas visitas ao nosso país,
que no “Brasil há milhares de filhos órfãos de pais vivos”. Na verdade este foi
um diagnóstico realizado pelo olhar de um homem sábio. Assim como na medicina,
é partindo do diagnóstico que o médico busca a melhor solução para o problema;
nossas famílias também já tem um panorama por onde começar a solucionar o
problema.
Se os filhos de nossa geração são órfãos de pais vivos, estes
mesmos filhos ainda tem a chance de não serem mais órfãos, pelo simples fato de
seus pais estarem vivos. Os filhos deixarão de serem órfãos quando pai e mãe
assumirem a missão que lhes é própria, de serem presentes na vida das crianças.
No inicio deste ano fiz a opção de não exercer a minha profissão e uma das razões desta decisão é de querer
estar mais disponível para a minha família. Esta sendo muito bom estar mais
próximo deles.
Com o auxílio do Espírito Santo, possa cada família descobrir que
“existe um tempo para cada coisa debaixo do sol” (Ecle 3).
Cleonice M. Kamer
Consagrada Comunidade Bom Pastor
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